quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O papel dos nossos parceiros

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Em nossa jornada capilar, e especialmente na fase de transição, é comum escutarmos opiniões não muito encorajadoras vindas das pessoas que amamos. Dentre estas pessoas, a opinião do parceiro (namorado, noivo, marido) acaba tendo um peso muito grande na tomada de decisão das mulheres que desejam cabelo natural. 

Durante o tempo em que andei sem tempo para escrever material para o blog, minha participação na comunidade virtual natural se resumia a ler as atualizações de alguns dos fóruns de discussão de que faço parte. Ainda que em uma leitura rápida e superficial, percebi que eram muito frequentes as moças com preocupações relativas à aceitação de seus cabelos por seus parceiros. 

A insegurança aparecia antes do big chop, após o big chop, durante os tratamentos mirabolantes com receitas caseiras ou na hora de proteger o cabelo para dormir. Quase todas admitiam abrir mão deste ou daquele detalhe de uma rotina que consideravam ideal pelo temos à rejeição. Algumas, inclusive, consideravam seriamente desistir dos cabelos naturais e voltar aos alisamentos porque seus companheiros diziam não gostar de cabelos curtos ou crespos. 

Entendo que cada um de nós tenha suas preferências em termos de beleza. Mas também compreendo que, em uma relação amorosa, a fronteira da atração meramente visual já tenha sido superada e a ligação entre as pessoas envolvidas já se encontre em outro nível. Por isso, me choca ler casos como este do blog Curly Nikki, em que a mulher relata quase ter perdido seu casamento por causa do cabelo. 

O homem deste caso em especial alegou que aquela mulher pós big chop, de cabelo curto e crespo, não foi a mulher que ele conheceu (pelo que parece, ela tinha cabelo comprido e alisado na época). Além disso, também reclamou do fato de não ter sido consultado quanto à mudança. 

Bom, mudanças são inevitáveis. As pessoas engordam, envelhecem, ficam carecas; às vezes por um infortúnio ganham cicatrizes ou por um bom motivo fazem uma tatuagem. O fato é que nunca seremos os mesmos durante toda a vida e temos todo o direito de não querer sê-lo! Todos nós podemos nos reinventar e fazer diferente quando desejarmos. 

Ainda que em uma relação os parceiros possam e devam ser informados de certas decisões radicais, é preciso entender que nem sempre um dos lados vai mudar de ideia e voltar atrás só porque o outro não gostou. A consulta é importante, mas ela não pode se transformar em uma ordem ou um veto. 

Por fim, acredito no diálogo entre o casal, mas um diálogo que vá além da questão estética. Todas que passam pelo processo de volta ao cabelo natural sabem como este assunto é profundo e mexe com sentimentos. Que tal falar sobre o quanto a transição e o big chop significam para você? Seja sincera e aberta, diga como se sente, explique o que o alisamento não condiz mais com a pessoa que você é agora e que deseja ser no futuro. Mostre que a jornada para o natural é também uma jornada para sua felicidade – e duvido que alguém que ame sua parceira não vai querer vê-la feliz! Qualquer pessoa feliz consigo mesma, tenha ela o cabelo curto ou longo, crespo ou liso, loiro ou castanho, irradia beleza.

4 comentários:

  1. Infelizmente algumas voltam atras por falta da aceitação de seus parceiros.
    Muito bom post Nica, como sempre te acompanho.

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  2. PERFEITO O SEU POST!! Estou natural desde 25jan, menos de 1 mes, portanto. E ja vinha comentando que ia tirar o implante e deixar meu cabelo natural.So q acho q meu marido nao se ligou. Enfim, no dia 25, ele saiu, a moca veio, tirou o implante..e quando ele chegou, eu estava black com trancas nagô atrás, me sentindo a Rainha do Ébano. A reação dele? ESTÁ HORRIVEL. E ficou me dizendo isso por dias. Confesso que quase voltei pra quimica, mas achei um ABUSO mudar o cabelo por causa da opiniao dele, principalmente pq recebi muitas opinioes favoraveis de amigos e colegas de trabalho. Viajamos neste carnaval com um grupo de amigos, e todos disseram que meu cabelo está OTIMO assim. Entao..lamento marido, mas vai conviver com o meu cabelo como está. Ele realmente nao esta feliz com o novo visual. Mas se eu der essa brecha, amanha vai querer decidir minhas roupas e outras coisas que dizem respeito APENAS A MIM. Entao, por enquanto...sigo como está. Tomara que outras meninas tambem sigam em frente em sua decisao.

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  3. Sempre soube disso, e confesso que esta era uma das minhas preocupações. Desde que casei (há 9 anos), e antes ainda sempre deixei claro ao meu marido que do meu cabelo cuido eu. Relaxa de 4 ou 5 meses, e sempre reclamava que achava caro. E quando o cabelo ganhava um bom comprimento eu cortava pois as pontos ficavam sem vida e murchas. Ano passado em Março a cabeleireira errou a mão e a raiz (cerca de 4 dedos) ficou muito lisa e eu que só assustava a raiz odiei. Decidi não relaxar mais. Nesse ínterim os cabelos foram quebrando na divisão do novo e os lisos, e eu já estava me preocupando. Meu marido observando. Quando disse a ele que não iria mais relaxar ele finalmente se manifestou, dizendo que eu não deveria mesmo relaxar, que as químicas só prejudicam os cabelos, e acompanha minhas hidratações e faz elogios que eu nunca achei que receberia. Fiquei feliz em saber que o que o impedia de se manisfestar era justamente o fato de não lhe abrir espaço sobre minhas decisões capilares. Hoje é meu maior companheiro, e aliado nesta ideia. Pede inclusive para eu dar dicas a irmã dele para que faço o mesmo que pois está dando super certo.
    Talvez se eu tivesse conversado antes...
    Valeu o post Nica.

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  4. To começando a transição agora (3 meses. Andei mostrando várias crespinhas pro meu namorado na rua e ele diz que acha bonito. Apesar de no começo ter insinuado que eu não sou "negra o suficiente" pra isso, quando tomei a decisão de verdade ele me apoiou. Tenho certeza que isso vai me ajudar muito.

    P.s: To tentando aprender tuuudo que posso sobre cabelos crespos,é muita informação que eu nem imaginava. To perdidinha! rs Mas adorei o blog, com certeza vou continuar acompanhando. :)

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