quarta-feira, 20 de junho de 2012

Políticas Capilares: Transição


Há alguns dias este vídeo está rolando na internet e fazendo sucesso. Ele foi produzido e narrado pela cineasta Zina Saro-Wiwa para o New York Times e fala sobre o crescente movimento em direção ao cabelo natural feito pelas mulheres negras americanas. A própria cineasta decidiu passar por uma transição, cortando as longas tranças com apliques que já usava há bastante tempo e revelando seu padrão natural de cachos.

E as impressões dela são muito parecidas com a da maioria das meninas que decidem largar os produtos alisantes e assumir seu cabelo natural. O início é complicado, cheio de insegurança quanto à nova imagem, mas também supreendente quando percebemos que o cabelo natural não é o bicho-papão que outrora imaginamos. E, no fim das contas, ela, assim como a grande maioria de nós naturais, descobriu que um simples corte de cabelo mudou sua vida de incontáveis formas.

Mas o que me mais me chamou atenção neste minidocumentário foi o fato de, aparentemente, o movimento atual pró-cabelo natural não ter conotação política, como tiveram os "afros" nos anos 60. Assim como a autora do vídeo, eu discordo desta posição. Embora, como ela ressalta, nossas decisões tenham se dado individualmente e tenham como foco principal muitas vezes a saúde (não só dos fios, mas também do nosso corpo como um todo), nosso movimento acabou tendo, com ou sem querer, um viés político, a partir do momento que nos fez refletir sobre nossa identidade, sobre quem somos e quem decidimos ser dali para frente.

Ainda assim, vejo muitas pessoas se esquivando deste "rótulo". Cada um usa o cabelo do jeito que gosta, que acha mais bonito, mais adequado... São muitas as "desculpas" que a gente dá para usar nosso cabelo natural, normalmente evitando adotar alguma postura ideológica, que remeta à identificação com determinado grupo étnico ou cultural. É evidente também que dificilmente alguém assumirá uma posição meramente pela política, se essa for desagradável em outros aspectos da vida. 

Mas, se a escolha nos faz bem em tantos campos, porque não pensar no bem que ela faz ao mostrar que nossas idéias que vão além da beleza estética? Por que ter medo de dizer que temos orgulho do nosso cabelo porque ele sinaliza que somos mulheres negras, mestiças, afrodescendentes dispostas a ir contra a maré do alisamento que diz que devemos ser adaptadas para sermos aceitas em uma sociedade racista?

Não acho que devemos ter medo de assumir uma posição ideológica, nem quando ela se refere a algo tão "fútil" quanto o jeito que usamos nossos cabelos. Se a política em que acreditamos deve ser vivida, e se viver a política é colocá-la em prática no dia a dia, não há forma mais evidente do que a expressão desta política no nosso corpo. Mais do que  palavras, basta a nossa presença para mostrar quem somos e do que somos capazes.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Inspire-se: acessórios

Naturalistas que já estão craques nos penteados mas estão sentindo falta daquele algo a mais podem experimentar acessórios variados para incrementar a carapinha. Os acessórios podem ser funcionais, como grampos e xuxinhas, ou meramente decorativos, como lenços e flores. De uma forma ou de outra, são bem úteis para segurar os penteados ou dar aquele charme que falta. Dê uma olhada nas imagens abaixo e inspire-se!



Precisa de mais inspiração? Vá lá no blog da Rose e veja a postagem que ela fez com acessórios lindos!
Depois desse monte de sugestão não tem mais desculpa pra sair por aí com o mesmo cabelo todo dia...

domingo, 10 de junho de 2012

Cortar ou não cortar?


As naturais que desejam um cabelo comprido costumam ter medo da tesoura. Afinal, ela parece ser a grande responsável por fazer nosso cabelo ficar sempre do mesmo tamanho! Contudo, já vimos que não é bem assim que a coisa funciona. Mesmo que não cortemos com a tesoura, as pontas dos nossos fios podem se danificar e, lentamente, vão se desgastando devido a fatores externos.

As pontas dos nossos cabelos são a parte mais antiga do fio, a que foi por mais tempo exposta a tudo o que pode causar danos: xampu, pentes, escovas, secador, atrito, poluição, vento, frio, produtos errados. É aonde a oleosidade natural do couro cabeludo dificilmente chega, por conta dos caracóis e ondinhas naturais dos nossos fios enrolados – e, por isso, é naturalmente mais seca que o resto do cabelo.

As pontas dos nossos cabelos: a primeira é uma ponta normal,
as demais são problemáticas
(pontas duplas, triplas, desgastadas, com nós e falhas)

Há quem não se importe em ter cabelo muito comprido e curta, mais do que tudo, variar o visual de tempos em tempos. Normalmente, estas pessoas não sofrem com o envelhecimento das pontas dos cabelos porque este está sendo constantemente cortado. Mas quem opta pelo caminho do cabelo comprido e abre mão deste “luxo” da variação do corte enfrenta o problema do envelhecimento das pontas e precisa lidar com ele diariamente.

Quanto mais cuidamos das pontinhas dos fios, mais tempo elas conseguirão permanecer íntegras. E quando falo em cuidados, falo em manipulação delicada, aplicação de produto na quantidade adequada (as pontas podem precisar de até duas vezes mais produto que o comprimento dos fios) e penteados protetores. Seguindo a cartilha à risca e com bastante disciplina, é possível evitar cortes constantes de cabelo para aparar as pontas e eliminar os danos.

A Teri LaFlesh diz que não corta o cabelo
há mais de 10 anos porque suas
pontas continuam em bom estado
devido aos cuidados corretos com o cabelo

Apesar de a receita principal para se obter um cabelo comprido ser não cortá-lo, é possível que nossos cabelos cheguem a um ponto em que um corte, mesmo que mínimo, seja inevitável -  especialmente se as pontinhas ainda são as mesmas da época em que não aplicávamos nos fios os cuidados corretos que eles necessitam.

Além da maneira tradicional de corte, com o cabelo molhado, existem outras técnicas de aparar as pontas e eliminar danos mais direcionadas a cabelos encaracolados. Vejamos algumas a seguir.

Procure e destrua
Uma das formas de cortar o cabelo sem ter que “fazer um corte” e através da eliminação pontual dos problemas dos fios. Observe atentamente as pontas dos cabelos, procurando por pontas duplas, nós e partes estragadas para posteriormente cortar apenas aquelas partes que estão com problema. É, portanto, um corte fio a fio, que pode ser mais trabalhoso e demandar mais tempo, mas é mais seguro para quem não quer perder centímetros de comprimento e não tem muitas pontas danificadas. Algumas pessoas chamam este método de "dusting", mas eu descobri que "dusting" também pode ser o nome de uma aparada mínima geral no comprimento dos fios, de cerca de meio centímetro, que, no fim das contas, só tira uma "poeirinha" de cabelo.

Imagem traduzida do site
The Natural Haven Bloom
Corte em tranças
Quando as pontas já estão mais danificadas e o dusting não dá conta, há outro método de corte: o corte em tranças. Este consiste em, primeiro, trançar todo o cabelo em tranças soltas para depois cortar as pontas destas tranças a partir do ponto em que elas afinam. O “afinar” das tranças sinaliza que estas pontas estão danificadas e que precisam ir embora. Desta forma, é possível trabalhar com o cabelo seco, mas sem perder o controle do corte devido ao volume. Quanto mais tranças forem feitas, melhor será o resultado em termos de eliminação de danos e uniformidade do corte – é possível não só tirar as pontinhas, como realmente dar um corte no cabelo, basta ter um olho bom para conseguir visualizar o cabelo solto após desfazer as tranças.

Corte com cabelo esticado

É possível também cortar o cabelo após a escova e chapinha. Em teoria, cortando o cabelo escovado, podemos observar claramente as pontas danificadas (que ficam bem evidentes quando o fio está esticado) e temos a segurança de que ele fique todo por igual após o corte, já que não há a questão do encolhimento, presente no cabelo molhado. Contudo, é justamente este encolhimento que pode deixar o cabelo torto: a não ser que se opte por usar sempre o cabelo escovado com chapinha (o que eu não recomendo!), pode acontecer de, quando molhá-lo novamente, ele ficar desigual simplesmente porque os nossos cachinhos não enrolam de maneira uniforme. Algumas partes são mais enroladas que outras e encolhem mais do que outras. Por isso, pode ser necessária uma aparada final, para arrematar as sobrinhas após molhar e secar o cabelo.

Corte com cabelo seco
Cortando o cabelo seco, em seu estado natural (enrolado) nos livramos do problema da exposição dos fios ao calor excessivo e do encolhimento causado pela água nos fios. Ele já estará encolhido o bastante e, após o corte, o resultado obtido será basicamente a aparência definitiva dos cabelos. Contudo, são poucos os profissionais que cortam o cabelo seco desta forma. Para as corajosas que possuem amigas ou amigos bons de mão, sempre há a opção de pedir uma ajudinha e fazer o corte em casa.

1. Procurando pontas problemáticas; 2. A atriz Juliana Alves com tranças ideais para uma aparada;
3. Cortando cabelo escovado; 4. Cortando cabelo seco
 
Resolvi fazer esta postagem porque eu aparei meu cabelo recentemente após quatro anos sem nenhum corte de cabelo consistente (apenas procurando e eliminando pontas estragadas). Percebi que as minhas pontinhas estavam danificadas a ponto de prejudicarem o resultado final da aparência do cabelo após estilização. Afinal, elas eram ainda aquele mesmo cabelo de mais de 4 anos atrás, período em que eu nem sonhava em aplicar as técnicas e produtos corretos nos fios.

O procedimento todo eu fiz em casa (porque eu tenho fobia de salões!) com ajuda extra. Reparti meu cabelo em 10 seções apenas (por falta de tempo e e paciência mesmo, pois o corte foi decisão de última hora) e trancei cada uma delas, prendendo a ponta de cada trança com um elástico fino, desses para cabelo. É muito importante que as tranças fiquem todas na mesma espessura e que as partes estejam bem divididas - por isso você pode precisar de ajuda, como eu precisei. Confesso que não tirei toda a parte afinada da trança porque não queria perder muito comprimento (devo ter cortado cerca de cinco centímetros). Além disso, cabelos mais compridos afinam naturalmente perto das pontas, então acredito que o que tirei tenha sido suficiente.

Ao final do corte, a redução de tamanho do meu cabelo foi quase imperceptível, mas o resultado foi bastante satisfatório em termos de melhora na textura das pontas e a definição geral dos cachos. Soltei, então, as tranças e estilizei meu cabelo como de costume (e foi beeem mais fácil  desembaraçá-lo!). Depois de terminada a estilização, com o cabelo já seco, percebi que fiquei com uma pequena parte mais comprida do que o resto e acertei com a tesoura. Não tirei fotos do cabelo que foi cortado porque eu acho isso mórbido demais... Mas, de fato, quem olha para o meu cabelo provavelmente não perceberá que ele foi cortado. E no fim das contas, eu sobrevivi!

Use sempre uma tesoura para cabelos!
Se você optar por aparar as pontas do cabelo em casa, é imprescindível usar sempre uma tesoura específica para cabelos. Nunca, jamais, use tesoura comum ou, pior ainda, tesoura de papel, mesmo que estejam superafiadas! A tesoura de cabeleireiro sempre vai proporcionar um corte mais limpo, de forma que não irá contribuir para a formação posterior de mais pontas duplas ou desfiadas. Tesouras para cabelo podem ser encontradas facilmente em lojas de produtos cosméticos e em grandes papelarias e nem são muito caras. No fim das contas, vale o investimento!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Estamos julgando?


Quando descobrimos o cabelo natural, é possível que fiquemos, de certa forma, obcecadas pelo assunto. Depois de um tempo já sabemos de cor e salteado todos os ingredientes proibidos e os permitidos, ganhamos uma noção de todos os danos que nosso cabelo sofre a cada respirada que alguém dá do outro lado do mundo e das formas de evitá-los, do perigo dos alisantes, que além de estragarem o cabelo podem causar doenças terríveis e deixar nossas membranas cerebrais pintadas de azul.

E com toda essa informação nas mãos, passa a ser nosso dever alertar nossas irmãs de cabelo crespo do perigo que correm ao continuar com o uso de certos produtos. É verdade que toda essa nossa pregação, por vezes, consegue converter algumas pessoas. A cada vez que fazemos isso, sentimos que a nossa boa ação do dia foi realizada.

É claro que existem diferentes formas de ser uma naturalista, isto é, de usar o cabelo em sua forma natural. Há desde as mais ativistas, que evitam produtos testados em animais, às naturebas, que não usam cosméticos com substâncias sintéticas até aquelas que não ligam pra nada disso e são, na verdade, viciadas em produtos de todos os tipos, cores e fragrâncias. Há também aquelas crespas e encarapinhadas que são “low-profile”: aceitam uma fugida da rotina aqui, uma escova acolá, um megahair ou aplique em uma ocasião especial, ou ainda, bem de vez em quando dão um “susto” na raiz com alguma química.

Pois daí vem a minha pergunta: o quão natural um cabelo nos faz ser uma naturalista? Basta não usar "química"? Ou será que pra ser naturalista há algum requisito especial? Existem meninas que usam tranças com aplique. Outras usam tintura nos fios. Outras não fazem nada disso, mas lançam mão de bobs, twists ou bigudinhos para alterar o aspecto do cabelo e deixá-lo com aparência de cachos mais largos e definidos. Elas, de alguma forma, modificam o cabelo - seja sua cor natural, sua textura natural ou sua aparência natural. Por vezes, olhamos para um cabelo, ainda que crespo, mas modificado e duvidamos que ele seja verdadeiro. “Ela fez alguma química” ou “isso não é o cabelo dela de verdade” são as primeiras frases que pensamos ao ver um cabelo crespo ou encarapinhado “perfeito demais pra ser verdade”, ou, em outras palavras, um que fuja do padrão que temos de cabelo natural.

Será que ao olharmos para uma encarapinhada, como nós, e automaticamente avaliar seus cabelos e nos indagar sobre seus procedimentos de forma depreciativa, só porque ela não segue a mesma filosofia que seguimos não é fazer um juízo de valor sobre essa pessoa sem antes mesmo conhecer seus argumentos para tal? Será que, ao invés de nos unirmos, não estamos julgando nossas irmãs e, por consequência, nos separando mais ainda umas das outras?

Eu comecei a escrever este blog justamente pela necessidade de espalhar o que aprendi e o que descobri para outras meninas, que, como eu, tinham uma relação difícil com seus cabelos. Confesso que fui, sim, movida pela obsessão naturalista de trazer mais fiéis para o grupo das que não tem medo da chuva. E não, este artigo não é o fim do blog, muito menos uma despedida pra dizer que essa vida de naturalista não leva a nada. Muito pelo contrário! Eu continuo defendendo o cabelo natural com todas as minhas forças, e continuo querendo trazer mais adeptos a esse grupo. Mas, como sempre é bom refletir sobre nossas idéias e práticas, talvez esteja na hora de nós, naturalistas, pensarmos se o caminho da radicalidade, do apontar o dedo a alguém que não é “tão natural” quanto nós vale a pena. Talvez estas atitudes muito fundamentalistas afastem de nós aquelas que poderiam um dia se interessar pelo que temos a dizer.

Ao invés de acusar, acolha. Escute o que o outro ou outra tem a dizer – nós podemos não estar falando línguas tão diferentes assim.

domingo, 3 de junho de 2012

Sobre a minha rotina de tratamento

 
Muitas das meninas que leem o blog me perguntam sobre meus produtos favoritos e como eu os utilizo. As dicas que venho dando aqui, de alguma maneira, são partes separadas e detalhadas da minha rotina de tratamento capilar. Mas justamente por causa disso, pode parecer complicado montar o quebra cabeça e entender onde cada uma delas se encaixa. Por esta razão, esta postagem será dedicada a fazer um apanhado do meu sistema de cuidados com os cabelos. Antes de falar deles, acho legal responder a algumas perguntas:
Como cheguei a esta rotina de tratamento?
Através de tentativa e erro e um pouco de pesquisa (tanto na internet quanto no “boca a boca”). Minha rotina capilar não é do jeito que é hoje desde sempre: eu quebrei muito a cara (e os fios!) até chegar a um conjunto de procedimentos que atendessem às necessidades do meu cabelo.
Desde que tirei as tranças soltas com aplique nunca mais utilizei nenhum tipo de relaxante ou alisante nos cabelos. Ainda assim, eles eram naturais mas não eram indestrutíveis: com os cuidados incorretos eles se danificavam e necessitavam de cortes constantes.
No fim das contas, os erros foram necessários e de certa forma até benéficos: se não tivesse feito tantas experimentações, talvez estivesse presa a uma rotina meia-boca, que me fizesse acreditar que meu cabelo tinha, de fato, restrições em termos de crescimento e definição.
Acho muito bom também destacar o papel importantíssimo da pesquisa virtual. Ler sobre a rotina de cuidados de outras meninas me deu várias ideias, que, mesmo que não pudesse implantá-las exatamente do jeito que eram descritas, me possibilitaram fazer adaptações e até mesmo criar novas formas de proceder, a partir delas.


Quanto tempo leva pra perceber os efeitos positivos no cabelo?
A partir do momento em que você descobre uma rotina capilar para chamar de sua, os resultados são percebidos a curto, médio e longo prazo. Em curto prazo, você pode notar uma melhora na maleabilidade e na hidratação – a sensação que se tem é de cabelo menos “palha”, mais macio. Em médio prazo, com certeza haverá uma melhora na definição, no brilho e na resistência. Finalmente, em longo prazo, você perceberá o crescimento.
Existem pessoas diferentes, cabelos diferentes e objetivos diferentes. Pra algumas, definição pode não ser um ponto fundamental – estas podem se ater aos produtos que tratem os fios da melhor forma, e que não necessariamente lhes dê definição de cachos, por exemplo. As que procuram justamente a definição talvez necessitem de uma caminhada mais trabalhosa, até achar os produtos e técnicas que forneçam tanto o tratamento que o cabelo necessita quanto a aparência que se deseja. E as que buscam crescimento precisam fazer escolhas hoje pensando sempre no amanhã: se tudo o que há no meio externo pode causar algum grau de dano aos fios, o objetivo deve ser reduzir ao máximo esses danos, ainda que para isso seja necessário algum sacrifício estético (usar o cabelo preso a maior parte do tempo, por exemplo).

Como saber que caminho seguir quando uma rotina não dá mais certo?
Antes de tudo, é preciso observar os seus fios e a reação deles diante dos produtos e técnicas que você costuma usar e que agora não estão mais trazendo os resultados esperados. Seu cabelo está quebrando porque está elástico? Talvez seja necessário uma reconstrução ou um tratamento com proteínas. Seu cabelo está ressecado, perdendo cachos? Talvez seja caso de procurar produtos hidratantes mais potentes. Ele está indefinido, com aspecto de algodão, mas não está ressecado? Invente uma forma de acrescentar óleos vegetais nos seus tratamentos. As pontas estão “desfiadas” (os fios não se prendem uns aos outros em forma de cacho)? Elas podem estar sofrendo com atrito e danos externos – penteados protetores podem ser úteis para dar um descanso aos fios. Já fez isso tudo e não deu certo? Pode ser que os cabelos precisem nada mais nada menos do que um bom corte, para retirar as pontas envelhecidas e danificadas.

Minha rotina
Eu optei por fazer uma rotina semanal por algumas razões. A principal delas é que eu não tenho tempo, durante a semana, de fazer todo o procedimento de lavar e estilizar os fios (gasto mais ou menos umas duas horas fazendo isso). E além deste motivo, preciso dizer também que sou adepta da baixa manipulação, ou seja, quanto menos eu mexer no meu cabelo, melhor para a integridade dele. Minha rotina também é adaptada ao low poo, ou seja, uso xampus sem sulfatos e condicionadores sem silicones insolúveis ou muito aderentes aos fios.

Lavo os fios uma vez na semana com xampu (eventualmente revezo com co-wash, quando acho que o couro não está tão sujo ou que os fios estão mais ressecados). O xampu que uso atualmente é o de Castanha do Brasil, da linha Amazônia Preciosa da Surya. O co-wash eu tenho feito com a Máscara Banho de Gelo da Haskell. Ela é uma máscara antirresíduos que limpa muito bem o couro cabeludo. Em qualquer uma das lavagens, eu sempre divido meu cabelo em seções e trabalho com uma de cada vez, aplicando o produto na raiz, esfregando e enxaguando em seguida, para passar à próxima seção e repetir o procedimento. Sempre que termino uma seção, enrolo em um coquinho e prendo cada um com um clipe de cabelo.


Após a lavagem, eu seco meus fios, ainda nos coquinhos, com uma toalha comum. Não importa que seja toalha felpuda comum porque os cabelos estão presos e eu ainda vou estilizá-los, ou seja, frizz não é um problema neste momento. Eu retiro o excesso de água para poder saturar meus fios com a misturinha de água + pantenol + glicerina, que ponho em um borrifador e distribuo pelo meu couro cabeludo, comprimento e pontas dos cabelos. Esse é o meu passo “L” do método LOC
Depois de 15 minutos, eu aplico óleo no couro e fios, dando atenção especial às pontas. Tenho notado que com o uso mais constante de pantenol no couro, o uso de óleos para combater a descamação não tem sido mais tão necessário. Logo, já não é mais sempre que aplico óleo no couro cabeludo – ele fica mais restrito ao comprimento e pontas, para selar a hidratação fornecida pela misturinha de água + pantenol (esta é a descrição do “O” do método LOC nos meus fios). Meus óleos favoritos para o couro são óleo de rícino, jojoba e eucalipto. Todos eles têm propriedades regeneradoras, antifúngicas, antibacterianas e de combate a dermatites. O óleo de rícino, especialmente, fortalece os fios, dando mais corpo. Por isso e pela sua textura mais viscosa, ele também é um perfeito selante da hidratação.

Mistura e diluição de pantenol e glicerina em água

Finalmente, depois disso, com meu cabelo sempre dividido em seções, eu desembaraço com os dedos ou com um pente e estilizo meus cachos seguindo o método da Teri LaFlesh. Os condicionadores que uso são vários. Garnier Fructis Óleo Reparação, Elsève Arginina, Elsève Liss Intense Extreme são alguns dos meus favoritos. Todos esses são encontrados em farmácias e mercados. Também já utilizei o Hydrathèrapie, da linha Biolage da Matrix, com bastante sucesso, embora hoje em dia não o utilize mais. Sempre misturo ao condicionador algum outro óleo vegetal – de preferência um mais fininho e de fácil absorção, como argan ou macadâmia, especialmente quando opto pelo óleo de rícino no passo anterior. Como meu cabelo já tem óleo neste momento, eu procuro não exagerar no óleo misturado ao condicionador e opto por utilizar algumas gotas apenas. E este, por fim, é o meu “C” do método LOC
Para secar, eu sempre prefiro fazê-lo ao natural. Quando isso não é possível, utilizo o secador na velocidade mais baixa, a uma distância de uns 20 centímetros dos fios. Devo dizer que não tenho difusor, por isso opto pela distância maior – assim, só o calor e não o jato de ar propriamente dito atinge meus fios. Seco por partes, começando a direcionar o secador de baixo para cima, a partir do meu pescoço – eu o utilizo como se fosse secar minhas orelhas de baixo para cima, encostando o aparelho no meu peito. Faço isso cinco minutos de cada lado e depois mais cinco minutos com o jato direcionado de cima pra baixo, voltado para o topo da minha cabeça, pra secar a minha “coroa”.

Eu dificilmente seco o cabelo 100% e também nunca começo a secar o cabelo extremamente molhado: é sempre bom esperar o máximo de tempo que der antes de começar a secar e, depois de secar, dar mais algum tempo para o cabelo “assentar” e terminar de secar sozinho. Veja que secar as pontas não é o meu objetivo: o tempo todo eu tento voltar o secador mais para a raiz, mas sem ter que mexer muito no cabelo para que ele não perca definição.
Depois de seco, eu prendo em um coque, que permanecerá durante toda a semana como meu penteado protetor ou, se quiser usar solto no dia seguinte, prendo em banding. Na hora de dormir, nunca abandono meu lenço de tecido sintético, que evita frizz e protege os fios do atrito com o travesseiro.

E os tratamentos profundos?
Devo confessar que não faço tantos tratamentos profundos quanto gostaria e deveria, simplesmente porque eu tenho preguiça e pouco tempo disponível. Quanto consigo fazer, gosto das máscaras Relaxima, da Matrix, Absolut Repair, da L’Orèal e Masquintense, da Kérastase. Esta última contém proteínas e uso mais raramente mesmo porque sou mais cautelosa com tratamentos reconstrutores. Na verdade, estou em busca de um bom creme para reconstrução, mas ainda não encontrei o ideal (apesar de ter gostado muito do resultado da Masquintense). Por isso, sigo na tentativa e erro...

E a tesoura?
Desde 2008, quando comecei a rever minha rotina de tratamento capilar, eu não corto os cabelos. Ter tomado as medidas corretas poupou meus fios de muitos danos e recuperou, em parte, os que já existiam. Mas como não há como recuperar 100% um fio – uma vez danificado, sempre danificado - sinto que se aproxima o momento de eles se reencontrarem com a tesoura. Mas isso é assunto para uma próxima postagem...

Expor o passo a passo da minha rotina pode inspirar você a repensar a sua. De forma alguma os procedimentos que eu faço são os definitivos, os corretos para qualquer cabelo! Antes de tudo, podem dar uma noção do que fazer e do que não fazer nos seus. Depois disso, o resto é com você: para nosso autoconhecimento capilar, não há nada como a experimentação.