quinta-feira, 26 de abril de 2012

Inspire-se!

Não sabe o que fazer com a cabeleira? Está cansado do mesmo visual todo dia? Sua rotina capilar está monótona? Sua criatividade parece ter se esgotado?

Seus problemas acabaram!






Essas e outras imagens inspiradoras você encontra em hi-imcurrentlyobsessed
Aproveite!

domingo, 22 de abril de 2012

Desembaraçando o cabelo seco



Desembaraçar o cabelo não é tortura, nem deve ser transformado em algo sofrido. O bom desembaraçar é a união de técnica correta com instrumento correto e atitude correta.

A recomendação padrão para desembaraçar o cabelo costuma ser: "faça o procedimento com os cabelos molhados e com bastante condicionador". Para as encaracoladas-encarapinhadas (ou kinky-curlies) como eu, este método pode ser o mais eficiente – ou o único possível, no meu caso em particular.

Mas o cabelo muito encarapinhado, aquele que não faz cachos, pode embolar ainda mais quando tentamos desembaraçá-lo molhado. Por isso, as donas de carapinhas respeitosas podem experimentar desembaraçar o cabelo seco.
Apesar de isso ir contra tudo o que se lê e se aprende durante a vida, deixa eu esclarecer: cabelo seco pode ser entendido de várias maneiras. Mas "cabelo seco" não significa, necessariamente, cabelo sem nenhum produto. Ao desembaraçar o cabelo seco, podemos lançar mão de um condicionador e/ou de óleos vegetais. A aplicação de algum produto nos fios, mesmo que secos, ajuda a deslizar o pente ou os dedos e facilita o trabalho, além de auxiliar no tratamento dos fios.
Normalmente, quem opta pelo desembaraçar a seco opta também pelo desembaraçar com os dedos. Isso porque como os fios encarapinhados são superfrágeis, um pente ou escova podem ser por demais agressivos, provocando mais quebra e pontas danificadas.

Óleos podem ajudar
a desembaraçar o cabelo seco

Vamos às regras básicas para um desembaraçar tranquilo:

Tenha paciência
Não desembarace seu cabelo em momentos de estresse ou pressa. Você vai acabar fazendo seus fios de bode expiatório, descontando neles a sua raiva ou nervosismo – e os pobres coitados não tem nada a ver com a história, no fim das contas!

Divida o cabelo em seções
Quanto mais seções, mais fácil será o pentear. Nunca separe suas seções “rasgando” seus cachos: respeite seus fios e divida onde eles querem se dividir (mesmo que as seções fiquem de tamanhos diferentes). Se ele não quiser se separar de jeito nenhum, delicadamente segure a metade de cima da mecha que você quer dividir e, lentamente, desfaça o embolado que ficar com a outra mão, até que as duas partes do cabelo se separem.

Comece pelo fim
Se você começar enfiando o pente logo na raiz, provavelmente não vai conseguir sair do lugar porque os nós vão formar um verdadeiro “bolo”, simplesmente intransponível. Sempre comece a desembaraçar seu cabelo pelas pontas. Quando elas já estiverem desembaraçadas, mova seu pente, escova ou dedos um pouco mais pra cima e desembarace este trecho também. Faça isso sucessivamente, sempre “subindo” pelo comprimento do cabelo até chegar à raiz.

Vá por partes
Você não dividiu seu cabelo em várias seções à toa. Trabalhe com uma seção de cada vez e, quando ela estiver desembaraçada, prenda-a para que os fios não voltem a se embolar (pode ser num coquinho, uma trança frouxa ou twist, tanto faz). Se você estiver desembaraçando e estilizando ao mesmo tempo para um estilo "afro" ou "black power" talvez não vá querer prender a seção para não destruir o resultado. Nesse caso, tente não mexer mais no cabelo que você acabou de desembaraçar e passe para a próxima seção sem perturbá-lo muito.


Ainda não acredita que cabelos encarapinhados podem ser desembaraçados secos? Então olhe este vídeo da Cipriana, uma das Urban Bush Babes, desembaraçando seus longos cabelos (secos) usando apenas os dedos:


Apesar de o vídeo estar em inglês, acredito que dê pra entender, através das imagens, como a Cipriana manipula o cabelo. Ela prefere começar a desembaraçar os cabelos pela raiz porque sempre usa os fios presos - logo, a parte que realmente estará embaraçada será apenas aquela próxima à raiz; como o comprimento, a bem dizer, já está livre de nós, não corre o risco de causar aquele "efeito bololô" de juntar todos os nós em determinado trecho do cabelo. Repare que ela separa mechas bem finas para desembaraçar e separa praticamente fio a fio, sem "rasgar" a mecha de cabelo, trabalhando com muita paciência os nós mais difíceis e sempre saturando os fios com óleos (neste caso, uma mistura de óleo de rícino, jojoba, coco, entre outros).

É importante dizer que a Cipriana usa o cabelo 100% do tempo, preso em estilos protetores. Basicamente, ela faz vários twists no cabelo (todos bem finos porém frouxos) e depois faz um penteado - que não costuma ser nada comedido, como podemos ver no vídeo. Por conta destes cuidados, o cabelo da Cipriana, apesar de superencarapinhado, conseguiu atingir um comprimento incrível. Mas a Cipriana e os penteados protetores merecem, cada um, uma postagem exclusiva, em detalhes...

Por enquanto, se você tem cabelo encarapinhado e não consegue lidar com ele molhado, experimente manipulá-lo seco, desembaraçando os fios antes de lavar e em seguida lavando-os presos em twists largos ou tranças. Talvez o seu processo de estilização fique muito mais fácil a partir disso.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Políticas capilares

Angela Davis, ativista do movimento negro americano


Com certa frequência, vemos nos meios de comunicação alguma notícia envolvendo a combinação discriminação + cabelos. Em dezembro de 2011, vimos o caso da estagiária assediada pela diretora da escola onde trabalhava por conta de seus cabelos crespos e de sua aparência corporal, considerados inadequados para aquela instituição de ensino. Mais recentemente, em março deste ano, uma aluna foi abordada e impedida de entrar em uma universidade no Pará pelo fato de seu cabelo e suas roupas serem “impróprios”. E fora os casos que chegam ao conhecimento do grande público, com frequência sabemos de alguém que precisou modificar os cabelos com o intuito de se encaixar no perfil de entrevistas e seleções de emprego – seja cortando baixinho, no caso dos homens, ou alisando, no caso das mulheres.

A estagiária Ester Cesário

De onde vem essa ideia de que o cabelo crespo ou encarapinhado não é apresentável ou formal o bastante para um ambiente de trabalho ou acadêmico? Parece que, enquanto negros, nossa “boa aparência” só é obtida disfarçando ou escondendo algo que nos identifica como aquilo que somos. Nós, negros, nunca estamos “prontos”: precisamos sempre ser ajeitados, ajustados, para nos inserirmos em determinados meios sociais. Será que somos “naturalmente inadequados”?

É chocante que esse tipo de fato aconteça ainda nos dias de hoje, e em um país como o nosso, onde a população é majoritariamente negra e miscigenada. Nesta suposta democracia racial em que vivemos, nossos cabelos naturais não deveriam ser motivo de estranhamento ou exclusão. Se são, é sinal de que essa democracia não é “tão democrática” assim...

Eu acredito que nossa aparência externa é uma espécie de mensagem visual que sinaliza para os outros algo daquilo que somos. Por mais que neguemos, nossas escolhas estéticas refletem sim, em parte, características da nossa personalidade. O mesmo vale para o nosso cabelo. Eu sei que eu não sou o meu cabelo (ele não me define totalmente, não esgota todas as possibilidades sobre quem eu sou), mas também sei que meu cabelo diz muito sobre mim. 


Por isso, eu considero nossos cabelos como que uma afirmação daquilo a que viemos. Se nossos cabelos naturais são motivo não apenas de olhares de reprovação e comentários de mau gosto, mas chega ao extremo de virar caso de polícia, como vimos nas histórias destas duas moças citadas, então eles não são uma mera questão estética ou de gosto pessoal: nossos cabelos são uma questão altamente política. Optar pelo natural e sustentar essa decisão é, portanto, também escolher entre conformar-se ou afirmar-se.

domingo, 15 de abril de 2012

Qual é o pente que te penteia?



Um dos grandes problemas enfrentados pelas naturalistas é o embaraço dos cabelos. Quem não passou, na infância, pelo sofrimento na hora de ser penteada pela mãe, pela avó ou pela tia? Para algumas chega a ser a lembrança de verdadeiros momentos de tortura... Quantas de nós não tivemos nossas madeixas alisadas sob o pretexto de facilitar o trabalho na hora de desembaraçar os fios?

Depois de tantos anos nos esquivando dos nossos cabelos naturalmente crespos e encarapinhados, pode ser complicado reaprender a desatar nossos nós. Por sorte, hoje em dia temos instrumentos que facilitam a nossa vida.
 
 
Pente de dentes largos
O clássico dos clássicos, o acessório básico no kit de qualquer pessoa com cabelo cacheado, crespo ou encarapinhado. Existem diferentes modelos, diferentes materiais e diferentes tamanhos. Tem a vantagem de ser facilmente encontrado em praticamente qualquer loja que venda acessórios para cabelo, drogarias, mercados, lojas de departamento... Você pode fazer uma coleção de pentes em casa, só por diversão!
 
Existem vários modelos de pentes de dentes largos
 
Pente de dentes duplos
Esse, particularmente, é um dos meus favoritos para desembaraçar o cabelo. Embora seus dentes não aparentem ser tão largos como um pente comum, o fato de serem dispostos de forma diferente, em fileiras paralelas mas de forma intercalada, o torna um acessório bem eficiente para pentear o cabelo encaracolado-encarapinhado. Também é bem baratinho e muito fácil de encontrar em supermercados e perfumarias. 
 
Pente de dentes duplos
 
Escova Denman
Escova para desembaraçar cabelo crespo? Não se assuste: a Denman é a queridinha das crespas e cacheadas pelo mundo. Possui cerdas plásticas encaixadas em uma “almofada” de borracha e dispostas de uma maneira que funcionam quase como um pente. Devido ao seu formato, facilita a formação de “fitas”, que nada mais são do que as mechinhas que, devidamente separadas e definidas, formarão os cachinhos individuais do seu cabelo. A Denman original só é vendida no exterior, mas pode ser importada através da internet. Aqui no Brasil, a ProArt lançou uma escova muito similar à Denman. Quem já usou as duas conta que a versão nacional é mais leve e possui algumas diferenças estéticas em relação à original. De resto, parece que fazem o mesmo efeito.  
 
A escova Denman original tem almofada
de borracha antiestática e peso
adequado que facilita o manuseio
Modelo da ProArt
 
Dedos
Sim, os velhos e bons dedos também são um ótimo “acessório” para desembaraçar cabelos. Muitas naturalistas acham que usar os dedos e não um pente ou escova é a forma mais delicada de pentear os fios, provocando menos quebra e oferecendo um controle maior do que se está fazendo – afinal, você poderá sentir os nós com suas mãos e trabalhar de forma mais cuidadosa caso estejam muito difíceis de desmanchar.
 
Os mais econômicos!

 
Você também pode combinar diferentes instrumentos para desembaraçar o cabelo. Algumas pessoas preferem primeiro desembaraçar com os dedos para tirar os nós maiores e depois arrematar com o pente. Outras, começam com o pente de dentes largos e depois passam para a escova Denman para ajudar na separação dos cachinhos e na formação das fitas.

Meninas em transição devem ter atenção redobrada, pois a junção entre a parte crespa e a parte alisada do fio costuma embolar bastante, fazendo nós realmente difíceis de desmanchar. Vá com muita calma, especialmente se estiver usando pente ou escova. Não desconte sua impaciência nos fios! Se o embaraço estiver demasiadamente difícil, talvez você esteja se aproximando da hora de cortar sua parte alisada... O importante é ter muito cuidado e delicadeza e nunca deixar de desembaraçar seus cabelos por preguiça, por achar que não é necessário ou, ainda, que é uma tarefa impossível.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Cachos são o novo liso?


(…) I feel that curls are something like the latest fetish – it’s like there are black girls with great curls all around, advertisement, movies, magazines. And lately it has become a bit like what straight hair used to be-you’ve got to have it.”

“(...) Eu sinto como se cachos fossem o mais recente fetiche – é como se houvesse garotas negras com lindos cachos em todo canto, propagandas, filmes, revistas. E ultimamente isso se tornou um pouco como o cabelo liso costumava ser – algo que você tem que ter.” (Tradução minha)

Taís Araújo e seus invejados cachos
 
Tenho lido recentemente muitas queixas de naturais em transição ou já 100% crespas sobre o fato de o cabelo não cachear como elas esperavam. As que estão em transição ficam apreensivas porque não sabem o que lhes aguarda; as já transicionadas se mostram decepcionadas com a falta de cachos. Isso tudo me trouxe à lembrança esta matéria do site Racialicious que levanta a seguinte questão: os cachos são o novo liso?

A despeito de todo o discurso de valorização dos “cabelos afro”, parece que hoje nos tornamos tão obcecadas por cachos quanto éramos, há alguns anos atrás, obcecadas pelos cabelos lisos. É muito comum encontrar mil e uma dicas para fazer o cabelo cachear: amassar com gel, secar com difusor, fazer plopping, apelar para o dedoliss... E quando depois de tudo isso ainda não conseguimos cachos, jogamos a toalha e decidimos voltar ao relaxamento ou ao permanente afro.

Mesmo com todas as técnicas do mundo, o cabelo puramente encarapinhado não cacheia nem cacheará sozinho. Nós já sabemos que o fio de cabelo, quando analisado individualmente, pode ter formato de “S”, “Z”, “O” (molinhas) ou “I”. O fio em “I”, quando não encarapinhado, é o tão desejado cabelo liso. Já quando ele é encarapinhado, ganha o estigma de cabelo Bombril... Será justo classificar um cabelo como ruim apenas por sua natureza ser diferente daquela propagandeada pela grande mídia? Afinal, será mesmo essa a “valorização” que buscamos para nossos cabelos – e para nós mesmas?

Ao contrário do que se pode pensar, e daquilo que os meios de comunicação parecem tentar nos convencer, o cabelo encarapinhado genuíno é extremamente versátil. Ele segura muito bem diversos estilos, como tranças rasteiras e soltas, twists, twist outs, dread locs (tudo isso sem a necessidade de gel ou fixador!), e acessórios como contas, tererês, faixas, flores (que não “escorregam” com o passar do dia ou da noite). Quando devidamente cuidado, ele atinge comprimentos incrivelmente longos, como qualquer outro tipo de cabelo. Só que, apesar da versatilidade, ele é muito, muito frágil. Por isso, pense bastante antes de optar por ou retornar à química. Pode ser que o problema não seja o seu cabelo e sim algo que está dentro da sua cabeça...

Eu acredito que todas as belezas devem ser celebradas. O cabelo encarapinhado é belo e tem suas particularidades que, quando respeitadas, fazem com que ele mostre o máximo de seu potencial.

domingo, 8 de abril de 2012

Como identificar os silicones?



Silicones e óleo mineral são ingredientes muito comuns em produtos cosméticos. Eles tem por objetivo selar a hidratação, retendo água na pele ou nos cabelos por mais tempo. Além disso, facilitam o ato de pentear os cabelos por diminuírem o atrito entre os fios, dificultando a formação de nós e embaraços. Ainda assim, há quem prefira evitá-los, porque podem se acumular com o tempo, causando mais problemas do que benefícios.

Sabemos que ambos, em geral, não são solúveis em água. Logo, para retirá-los dos fios, é necessário que se faça uso de algum tipo de xampu. Enquanto o óleo mineral só consegue ser lavado dos fios com xampu, com os silicones, isso pode variar: alguns são mais aderentes e podem deixar o cabelo muito “pesado” devido ao acúmulo dessa substância, necessitando de xampus mais frequentes ou mais detergentes; outros possuem uma estrutura química que os torna mais “leves”, demorando mais tempo para causar os efeitos negativos do acúmulo nos fios.

O óleo mineral é bem fácil de identificar: nas composições impressas em inglês nos rótulos dos produtos, costuma vir sob os nomes de Liquid Paraffin, Paraffinum Liquidum, Mineral Oil ou Petrolatum. Já os silicones são mais complexos: podem vir com muitos nomes e ter diferentes propriedades. Então, como identificar os silicones nas fórmulas dos produtos? Como saber quais são proibidos ou mais seguros para quem pratica No ou Low Poo?


Regrinhas básicas
É bom saber que os ingredientes que são silicones costumam ter seus nomes terminados com o sufixo -col, -cone ou -conol. Alguns também terminam -xane. Existem silicones que são solúveis em água, outros levemente solúveis em água e finalmente aqueles que não podem ser diluídos em água em nenhuma hipótese. Os dois últimos, portanto, requerem o uso de xampu com certa regularidade. Veja a lista abaixo para mais detalhes:

Cetearyl Methicone, Cetyl Dimethicone, Dimethicone, Dimethiconol, Stearyl Dimethicone
Silicones mais “pesados” que realmente causam acúmulo se não forem devidamente retirados com xampu. Proibidos para quem segue uma rotina de No Poo e não recomendados aos que seguem a rotina de Low Poo.

Amodimethicone, Cyclomethicone, Cyclopentasiloxane, Trimethylsilylamodimethicone
Silicones que tendem a gerar menos acúmulo nos fios. Ainda que alguns praticantes de No Poo os utilizem, são mais seguros àqueles que ainda usam xampu de tempos em tempos. 

Behenoxy Dimethicone, Stearoxy Dimethicone, Dimethicone Copolyol, Hydrolyzed Wheat Protein Hydroxypropyl Polysiloxane, Lauryl methicone copolyol
Silicones que, de alguma maneira, são solúveis em água. Ainda assim, são evitados por quem opta pelo No Poo, a despeito do baixo risco de se acumularem nos fios. Os dois primeiros, em grandes quantidades, não conseguem ser retirados apenas com água ou co-wash, requerendo o uso de xampu.

  DICA!     A abreviação “PEG” ou “PPG” na frente do nome sinaliza que o silicone em questão foi feito para ser solúvel em água e não irá produzir o acúmulo que os silicones comuns causam!



A polêmica do Amodimethicone
Pesquisando sobre silicones e sua solubilidade em água, você pode encontrar alguns artigos que dizem que o Amodimethicone, quando acompanhado de Trideceth-12 e Cetrimonium
Chloride na fórmula do produto, torna-se solúvel em água e, portanto, liberado para No Poo.

O que acontece é que estes dois ingredientes tornam o Amodimethicone dispersível em água e apenas quando está dentro do frasco. Uma vez aplicado nos fios, ele se torna tão insolúvel quanto qualquer outro silicone. Logo, se você é praticante de No Poo e não usa xampu algum, não use produtos com Amodimethicone, mesmo quando este vier acompanhado do Tricedeth-12 e do Cetrimonium Chloride.

Os tensoativos menos agressivos, como o Cocamidopropyl Betaine, também são capazes de retirar o silicone dos fios, mas de forma menos efetiva do que os sulfatos, especialmente o lauryl ou laureth sulfate. Então, se você é praticante de Low Poo e usa xampu, ainda que mais suave e de maneira espaçada, pode usar produtos contendo Amodimethicone, mas com parcimônia.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Inspire-se!

Eu acho que grande parte da nossa motivação para continuar em frente com os cabelos naturais é dada pelo fato de termos inspirações. E digo inspirações não no sentido de cópia, de querer ter o cabelo igual ao de alguma outra pessoa, mas sim de perceber como nossos cabelos são tão diversos e como essa diversidade é bonita. A inspiração vem quando sabemos que temos variedades de texturas, penteados, cores, estilizações, acessórios...

Já que imagens falam mais que mil palavras, hoje deixo vocês com as belíssimas imagens do tumblr Le Coil. Poder ver cabelos como os nossos, com os quais podemos nos identificar e nos reconhecer positivamente, é parte importantíssima  na retomada de nossa autoestima e de valorização do nosso cabelo. Confiram mais fotos no tumblr e aproveitem!
 

         





domingo, 1 de abril de 2012

Explicando: Low Poo e No Poo

Lorraine Massey e a capa do livro Curly Girl

Muitas naturalistas já devem ter pesquisado sobre cuidados com cabelos na internet e se deparado com alguém falando "tal produto é permitido", "esse aqui é proibido", "aquele xampu tem substâncias do mal", ou ainda ter lido o depoimento de alguém que segue uma rotina com produtos livres de silicones, de alguém que não usa xampu, de alguém que lê obsessivamente rótulos procurando ingredientes e diz seguir a filosofia No Poo ou Low Poo. Mas afinal, o que é isso?

Quem realmente popularizou essas técnicas foi a cabeleireira Lorraine Massey, em seu livro Curly Girl. No livro, ela explica aquilo que chamou de Curly Girl Method, ou o Método da Garota Cacheada: uma série de técnicas e formas de lidar com o cabelo que são apropriadas para cabelos cacheados. O No Poo (e/ou o Low Poo) são técnicas que fazem parte deste método divulgado por Lorraine.

Nós já vimos aqui no blog que existem xampus com sulfatos, substâncias detergentes mais fortes e, portanto, mais agressivas aos fios de cabelo. Com as sucessivas lavagens, especialmente em cabelos finos, com tendência a ressecamento, como os cacheados e crespos, esses xampus vão danificando a fibra capilar, retirando não só a sujeira dos cabelos, mas também toda a proteção natural fornecida pelo sebo e pelos óleos produzidos pela nossa pele e pelo couro cabeludo. Por isso temos aquela sensação de "cabelo cantando" após a lavagem: nossa cabeça está limpa até demais!

Pra compensar essa lavagem agressiva, nós precisamos um condicionador, uma máscara de tratamento ou creme de pentear, após o xampu. Esses produtos, repõem, portanto, aquilo que foi ralo abaixo com a espuma. Para dar novamente aquela impressão de cabelo brilhoso, sedoso, fácil de desembaraçar, muitos destes produtos contém silicones, derivados do petróleo (óleo mineral) ou parafina líquida. 

Como também já comentamos brevemente aqui, estes ingredientes podem, com o tempo, causar acúmulo nos fios e dar aquela impressão de cabelo pesado, opaco e que "se acostumou" com os produtos.

Esse "costume" nada mais seria do que os fios tão saturados e "encapados" pelo acúmulo desses ingredientes que os nutrientes dos tratamentos que aplicamos não conseguem, de fato, penetrar nos fios e fazer efeito.


 Quanto mais usamos produtos contendo silicone, óleo mineral ou parafina líquida, mais propenso o cabelo estará a sofrer com o acúmulo dessas substâncias. Para solucionar isso, existem os xampus antirresíduos. Só que eles são ainda mais fortes que os xampus com sulfatos normais.

E a partir daí forma-se um círculo vicioso. O xampu com sulfato danifica os fios. Os danos são disfarçados com o uso de cremes de tratamento contendo silicones e óleo mineral. Quanto mais a gente usa, mais eles se acumulam e grudam nos fios, que "se acostumam" aos produtos. Pra retirar esse acúmulo, usamos um xampu ainda mais forte (o antirresíduos), que, limpando a "maquiagem" feita pelos cremes, deixa à mostra todos os danos que o cabelo sofreu até então. Aí, pra compensar isso, usamos mais cremes com silicones e óleo mineral que...

Não faz sentido estragar uma coisa pra depois remendar, e remendar de forma mal feita, não é mesmo? Se o sulfato resseca nossos fios a esse ponto, então chega de sulfato! Mas se usamos produtos com silicones, óleo mineral e parafina líquida, que se acumulam com facilidade, precisando mais cedo ou mais tarde, ser retirados com sulfato, então chega dessas substâncias também!

O Low Poo e o No Poo são ótimas técnicas para cabelos cacheados, crespos e encarapinhados, mas também servem para qualquer tipo de cabelo especialmente seco ou frágil e couros cabeludos sensíveis a tensoativos agressivos.


Deva Curl No-Poo:
higienizador de cabelos
Terressentials
Pure Earth Hair Wash
Quem abole totalmente o xampu da rotina capilar pratica o No Poo ("poo" vem de shampoo). As adeptas dessa técnica higienizam o couro e os fios de cabelo com condicionador, fazendo a chamada co-wash, ou lavagem com condicionador. Outras pessoas utilizam enxágues com vinagre ou com bicarbonato de sódio ou ainda produtos que sejam específicos para limpeza dos cabelos mas que não são xampus (fotos ao lado).

 
Já quem não consegue passar sem xampu, mas reduz drasticamente o número de lavagens com ele e, preferencialmente opta por um xampu sem sulfatos, pratica Low Poo. Tem gente que intercala a lavagem com xampu com co-wash (usa, por exemplo, xampu uma vez na semana e, durante a semana higieniza os cabelos com condicionador). Outras conseguem sustentar o cabelo numa boa durante a semana apenas com uma lavagem com xampu.

É muito importante que esse condicionador usado para higienizar os cabelos seja livre de qualquer substância proibida na rotina. É interessante também que o condicionador seja bem "básico", e não contenha muitos óleos vegetais ou substâncias muito hidratantes. Afinal, a intenção nesse momento não é tratamento e sim limpeza.

É preciso saber que a massagem no couro cabeludo é fundamental. Não adianta jogar condicionador nos cabelos e achar que ele sozinho vai limpar magicamente seus fios. É necessário esfregar o couro cabeludo (com as pontas dos dedos, nunca com as unhas!) pra desgrudar as sujeiras que lá estejam. É justamente a fricção, aliada ao condicionador, que vai limpar sua cabeça. Após a co-wash, você pode seguir com os tratamento que mais lhe convier (máscara, outro condicionador mais hidratante, ampola, leave-in...).

Também é necessário estar consciente de que os resultados não aparecem de um dia para o outro. Muitas meninas relatam passar por um período de adaptação, em que o cabelo fica aparentemente pior do que estava antes. Mas isso passa! É como começar uma reeducação alimentar, em que seu corpo demora uns dias (ou quem sabe até semanas) para se adaptar à nova dieta. Pense o Low Poo e o No Poo como a reeducação alimentar dos seus fios!

Eu optei pelo Low Poo já há alguns anos. Meu cabelo realmente melhorou muito depois que comecei com a técnica. Fui aperfeiçoando com o tempo, achando os produtos mais apropriados para mim e associando com as devidas técnicas de manipulação dos fios que já relatei aqui. Não passei pelo período de adaptação de maneira tão intensa porque usava produtos de marcas profissionais e fui retirando gradualmente as substâncias proibidas dos meus cuidados capilares. Com certeza o Low Poo não fez milagre, mas foi fundamental para meus cabelos terem chegado no ponto em que se encontram hoje.


Se você segue uma rotina e utiliza produtos que dão resultado satisfatório, agarre-se nela e aproveite os efeitos positivos! Mas se você sente que seu cabelo não responde bem a tratamentos que você conhece, ou que "empacou" em determinado ponto que parece não "evoluir" mais, recomendo dar uma chance ao No Poo ou Low Poo. Talvez seja a cereja do bolo que está faltando para você lidar melhor com seus cabelos.